Você conhece todas as versões de Marina Sena?!

 Você conhece todas as versões de Marina Sena?!

Aclamada pelo tributo a Gal Costa no palco do The Town, Marina Sena prova que a Música Popular Brasileira tem representantes que não precisam de herança alguma. O talento canta por si.

Ainda que, sem repertório ou referências, surjam críticas à sua interpretação, a mineira carrega o fôlego das grandes vozes da história. De Tetê Espíndola a Tulipa Ruiz, a tradição aguda das intérpretes femininas é parte da personalidade de Marina que, a exemplo de Elis, até desafina quando quer, com muito domínio sobre a própria voz.

Muita gente escutou pela primeira vez “Por Supuesto” e agora a nova versão de “Ombrim – Ai Que Delícia o Verão” que está tomando as pistas e plataformas, mas nem todo mundo sabe que essa carreira está sendo construída há quase 10 anos, de forma sólida e com diversas demonstrações da versatilidade e do talento absurdo de Marina Sena.

Ela até brincou nos stories essa semana mostrando sua antiga versão “hippie” e o que chama de “hippie chick” para os dias atuais.

Prepara a orelha pra entender este fenômeno e claro, se inspirar no glow up de Marina.

Tudo começa em Taiobeiras, norte de Minas, cidade que está mais perto da Bahia do que do centro do Estado. Em 2015 Marina partiu para Montes Claros, integrou A Outra Banda da Lua e junto dos consagrados Edssada, Mateus Sizílio, Matheus Bragança e André Oliva gravou obras impecáveis, verdadeiros clássicos da música mineira e brasileira.

Marina se destaca não apenas pelo timbre, mas por sua habilidade de compor. A poesia de Marina é como o cerrado, quente e seco na superfície, mas com raízes profundas. Sua primeira versão é crua, natural, transpirando aquela vitalidade de entrada na juventude.

De cabelo curto e extensões vocais impressionantes, Marina começa a se mostrar empenhada em construir quantas personagens forem necessárias para se fazer artista. No Sonastério, a Meca da música em Minas Gerais, reforçam o repertório e se apresentam no melhor estado.

Neste tempo, entre 2018 e 2020, Marina já tinha conhecido Marcelo Tofani, Mariana Cavanellas e LG Lopes, todos grandes compositores e expoentes da música popular mineira, durante uma experiência na pequena e encantadora cidade de Milho Verde. Os trabalhos foram paralelos até que Marina se dedicou à carreira solo. Antes disso deixou “Lua”, praticamente um aviso ao mergulho íntimo e profundo que se aventurou desde então.

Se a proposta da AOBDL trazia uma incursão pesada nas sonoridades orgânicas e identitárias brasileiras, africanas, latinas e caribenhas, com viagens de mais de oito minutos, o que a Rosa Neon queria mesmo era enfrentar o POP, ou melhor dizendo, forjar o NOVO POP, tropical e com a cara do Brasil.

Juntando todas as referências desde Clube da Esquina, passando por Graveola e o Lixo Polifônico, para construir uma nova proposta, moderna e feita além dos quatro (Marina, Mariana, Marcelo e LG) pelos talentosos Baka Dekai e Cidoca (Pedro Cambraia). Só quem acompanhou a música mineira da virada de década sabe o quanto foram criticados por trocar a tradição pela plástica, assim dizendo.

Esse foi um dos presentes mais gostosos dos anos 2010-20. Um cometa que iluminou nosso céu e deixou um marco não só na música, mas na indústria e no mercado da música brasileira. Muito bem pensado, muito bem referenciado e feito, para além dos músicos, por um coletivo de grandes produtores mineiros, entre eles João Cabral, Thiago Malaco, André Mimiza, sem contar o audiovisual profissionalíssimo de Vito Soares – que acompanha Marina até hoje – e Belle Melo.

Foram muitas entregas, uma estratégia certeira de lançar um single e um clipe por mês e o tão aguardado disco com a capa reverenciando Doces Bárbaros. Um fenômeno que, sem qualquer dúvida, revolucionou o POP brasileiro contemporâneo, abrindo espaço para novos projetos e sonoridades.

O Rosa enfrentou as críticas com um banho de mangueira e a giganteza dos festivais, canais e prêmios com seus olhares cheios de certeza. Foram a Revelação do Ano no Prêmio Multishow em 2020 e se dissolveram. Primeiro Mariana, depois LG e por fim o trio Marina, Marcelo e Baka deram por encerrados os trabalhos. Era hora de Marina se jogar.

“Cabelo”, lançada no álbum “De Primeira” numa versão energética, já tinha sido apresentada ao mundo em uma Live Session do Meca Inhotim. Tempos em que Marina se preparou, compôs muito, se juntou às pessoas certas e chegou em 2021 pronta pro jogo.

A partir daqui você já deve conhecer a história. Viralização de “Por Supuesto” no TikTok, presença em todos os principais palcos do Brasil, aparições em todos os programas de TV – de Serginho Groisman ao Faustão -, passeios com Anitta, feats de sucesso.

Se fossemos analisar só o “De Primeira” e “Vício Inerente” já seria um grande salto, duas propostas ousadas e bastante acertadas, com mais da metade dos álbuns composto por clássicos e hits como “Mande um Sinal” e “Que Tal?”.

Mas vamos parar por aqui e esperar as novidades de Marina, que tenta manter a discrição e não alimenta especulações sobre sua vida pessoal, mas está solteira e compondo muito. O que podemos esperar?!

Pra terminar, o Mais Brasil quer saber:
PRA VOCÊ, qual a melhor versão de Ombrim? 2019 ou 2023?

Felipe Qualquer

https://escutaqueebom.com

Comunicador, curador e podcaster na @escutaqueebom; No rádio desde moleque, está no ar na Rádio Cultura de Brasília; pesquisa o universo da música e escuta de tudo. Foi Head de Estratégia da Music2Mynd e Diretor de Comunicação do S.O.M, canal de música da Mídia Ninja. Em MG atuou nas rádios Minas, Nova e 94FM. Em Brasília passou por MIX FM, Transamérica e Rede Clube. Escreveu para os jornais Gazeta do Oeste e O Popular e Revista ShowBar. Produtor cultural desde 2010 com trabalhos no festival EcoMusic, Rua do Rock, Usina de Rima, Grito Rock, Festa Nacional da Cerveja, Toma Rock, Transamérica Convida, No Setor e Cervejaria Criolina. Estudou Comunicação e Teoria, Crítica e História da Arte na UnB.

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