Tranquilo: do quintal em BH a um dos principais palcos da música independente em SP

 Tranquilo: do quintal em BH a um dos principais palcos da música independente em SP

Marcelo Jeneci no Tranquilo. Foto: Luísa Savala

O Tranquilo nasceu em Belo Horizonte com a vocação de palco para novos artistas. Thales Silva, músico e fundador do projeto, sentia falta de espaços para mostrar seu trabalho autoral.

“Ele vivia de cover, mas sentia falta de tocar as próprias canções, então começou a promover esses encontros dentro de casa nos mesmos moldes de hoje”, conta Fernanda Bcheche, sócia de Thales no Tranquilo.

Mateus Carrilho no Tranquilo São Paulo

“É um show muito mais sincero. Eu nunca tinha feito um voz e violão na vida. Tô acostumado com muito VS, muita base, shows muito mais eletrônicos, com iluminação. E você estar ali, voz e violão, encarando as pessoas, as pessoas ouvindo sua respiração, olhando no seu olho, é uma coisa que realmente intimida, mas foi ao mesmo tempo uma experiência deliciosa”, conta Mateus Carrilho, uma das atrações da última segunda-feira (25).

No Tranquilo, os artistas podem experimentar, errar e interagir com o público livremente.

“O que diferencia o Tranquilo de um Sarau ou um show convencional é que, todo mundo que está aqui, quis estar. Nós nunca anunciamos os eventos de forma massiva. Pra saber onde o evento acontecerá e quais são as atrações, a pessoa precisa enviar uma mensagem pro nosso Instagram”, conta Fernanda Bcheche.

Jards Macalé no Tranquilo SP. Foto: Luísa Savala

Em menos de um ano em São Paulo, já são mais de 100 apresentações, dentre essas, artistas renomados como Jards Macalé, Marcelo Jeneci e Curumin, além de outros tantos nomes importantes da nova música popular brasileira como Jotapê, Ana Gabriela e Potyguara Bardo passaram pelo Tranquilo.

Sem contar as incontáveis apresentações que já aconteceram no “olho no olho“, momento em que artistas presentes na plateia podem cantar uma música para outra pessoa do público, sem microfonação, sentados frente a frente em cadeiras, enquanto o resto do público assiste em silêncio.

Marina Sena no momento Olho no Olho, no Tranquilo Belo Horizonte.

 

O evento acontece sempre em locais diferentes, então é impossível saber com antecedência onde acontecerá o próximo ou quais serão as atrações. Esses detalhes só são divulgados um dia antes ou no mesmo dia (sempre às segundas-feiras).

O formato também segue o mesmo de sempre: o público é convidado a sentar no chão e fazer silêncio para que a atenção às apresentações seja a maior possível, três artistas se apresentam de forma acústica, aproximadamente meia hora de apresentação cada. Após as apresentações, os artistas que estiverem na plateia podem chegar e apresentar uma música autoral no momento olho no olho. O valor de apoio cultural sugerido é de R$25.

“Nós não temos apoio algum de marcas ou do governo, por isso é importante que as pessoas tenham essa consciência de pagar por cultura. Quem tem mais, pode pagar mais, quem tem menos, pode pagar menos ou nada, e assim a gente equilibra essa conta e todos têm acesso ao rolê”, reforça Thales Silva, fundador do Tranquilo.

O consumo também é na confiança, o evento não tem caixa ou bilheteria. QR codes espalhados pelo evento são a forma de pagar pelo consumo e Thales sempre toca a consciência do público para o objetivo de estar ali: fortalecer a arte e a música brasileiras.

Foto: Luísa Savala

Para saber mais sobre o evento, siga o Tranquilo no instagram: @tranquilosaopaulo

Xandú

Alexandre Marques é multiartista, canta, escreve letras sobre o contidiano de quem vive na cidade, pinta e gosta de escrever sobre música, cinema e literatura. É formado em nada, só na intuição. Pode ser encontrado nas plataformas de streaming, redes sociais e fórums como "Xandú".

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