Caetana, primeira cantora trans a gravar um frevo no Brasil, lança ‘Deluxe Afronordestina’

 Caetana, primeira cantora trans a gravar um frevo no Brasil, lança ‘Deluxe Afronordestina’

Foto: Divulgação

Entre os lançamentos que marcaram sua importância no ano passado, em meio ao pós-efeito pandemia, destaca-se ‘Afronordestina’ da pernambucana Caetana, primeira cantora trans a gravar um frevo no Brasil. Agora, como desdobramento deste importante trabalho, ‘Deluxe Afronordestina’, figurando como segundo álbum de Caetana, acaba de chegar em todas as plataformas digitais. 

Ouça:

Gravado ao vivo no estúdio Traquitana, no tradicional bairro do Bixiga, em São Paulo, o registro –  guiado por uma fusão vibrante de frevo e reggaeton- conta com produção de Passarinho e Eramir Neto. Álbum oferece uma abordagem única ao mesmo passo que propõe uma relação ainda mais intensa com a obra original, mantendo viva sua mensagem.

O clima, completamente dançante, busca criar uma imersão na atmosfera festiva e colorida das ruas. Do começo ao fim, traz  a malemolência que vai desde os passinhos de bregafunk, do Recife, até os de funk, do Rio de Janeiro.


Dançarina por formação e também percussionista, Caetana tem sido reconhecida não apenas pela sua música, mas também pela sua contribuição para a representatividade LGBTQIA+ na cena artística. Seu primeiro álbum destacou-se por sua produção autoral e por colaborações memoráveis, incluindo um feat inesquecível com Deize Tigrona.

Com o lançamento do álbum ‘Deluxe Afronordestina’, Caetana reafirma sua posição como uma voz influente na música brasileira contemporânea, convidando o público a se conectar com sua arte e discurso. Sua atuação vai além do palco, buscando influenciar, sobretudo, a transformação social por meio da educação.
Desafiando paradigmas da cena nordestina, Caetana segue movimentando suas narrativas aos embalos de gêneros como coco de roda, forró, samba, funk, rap e hip-hop.SOBRE CAETANAOriginária do Recife, Caetana é a primeira cantora trans a gravar um frevo no Brasil, destacando-se como uma figura marcante no cenário musical brasileiro.Para Caetana, o frevo não é apenas um gênero musical, é uma paixão que transformou sua vida. Crescendo na periferia do Recife, ela foi imersa nas culturas tradicionais do Coco de Roda, Frevo e Maracatu, que a inspiraram a seguir seu sonho de se tornar uma cantora profissional. Sua jornada musical é uma homenagem à rica diversidade cultural de sua cidade natal, onde cada nota ressoa com as memórias e tradições do povo pernambucano.

“Eu cresci tocando tambor, dançando e cantando. E foi exatamente isso que me motivou a lutar pelo meu sonho de ser cantora. O Recife é uma verdadeira sala de aula a céu aberto. Nós que crescemos em comunidades que possuem cultura popular, como no Coque, em que cresci junto ao Maracatu Nação de Oxalá, temos acesso a mais do que só um momento de lazer. Temos uma mistura de atividades que passam da interação comunitária para o desenvolvimento de habilidades”, ressalta a artista. “O frevo mudou a minha vida e me fez uma cantora profissional. Ter um frevo gravado no meu álbum é um sonho realizado que eu ainda quero continuar executando, com um disco todo só para ele. Eu amei escrever as letras, cada uma tem uma história interessante. Esse que está no álbum, por exemplo, fala do Mercado da Boa Vista, e chama-se, ‘Eu gosto da Boa Vista’. Porque tenho muitas memórias boas de lá, que é um espaço afetivo da cidade, especialmente no período de carnaval”, completa.

Além de seu talento musical, Caetana é uma voz importante na luta pelos direitos e pela representatividade LGBTQIA+. Ela compartilha abertamente sua própria jornada de aceitação e superação, incluindo os desafios – muitas vezes comuns a pessoas trans – enfrentados: a expulsão da casa onde foi adolescente, a negação da família ao transacionar e tanto mais.

Sua história é um testemunho de resiliência e esperança, inspirando outros a abraçarem sua autenticidade e viverem suas vidas com orgulho.

Em seu álbum, Caetana explora temas que são tanto pessoais quanto universais. Suas letras são uma celebração da vida, do amor e da identidade, refletindo sua própria jornada de autodescoberta e aceitação. Cada canção é uma narrativa cativante, enraizada na rica tradição musical de Pernambuco e enriquecida com a voz única e poderosa de Caetana.

Com seu lançamento, Caetana não apenas faz história como também oferece uma visão autêntica e emocionante da cultura pernambucana. Sua música é uma celebração da diversidade e uma expressão de esperança para um mundo mais inclusivo e acolhedor.

Marcelo Manso

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