Matuê: saiba porque destaque do trap brasileiro domina os festivais do país

 Matuê: saiba porque destaque do trap brasileiro domina os festivais do país

Matuê no Lollapalooza Brasil 2022. Foto: Marcelo Brandt/G1

O trap, gênero criado em Atlanta (EUA) no começo do século, tem retratado nos últimos anos aumentos consideráveis no seu consumo nas plataformas de streaming. Em uma mistura da cadência beats, sintetizadores, timbres mais harmoniosos entre graves densos, a sua origem vem das casas de tráfico intituladas com o mesmo nome – armadilha, em português. 

Além dos temas voltados a problemas socioeconômicos, drogas e o famoso “a favela venceu”, o estilo é facilmente viciante por apresentar nuances sonoras que geralmente os instrumentos musicais não são capazes de reproduzir ao vivo.

O ritmo chegou com tudo no Brasil por volta de 2014, com visuais afro futuristas, batidas pesadas e letras despretensiosas. Com isso, influencia o estilo de vida de uma densa geração da música brasileira, principalmente nas regiões Sudeste e Nordeste. Contudo, serei mais específica, já que o destaque mesmo é o estado do Ceará.

Sua capital é reconhecida por diversos nomes: de José de Alencar a Tom Cavalcante. Mas de uns anos pra cá, Fortaleza tomou os holofotes da música. 

Don L, Rapadura Xique Chico e Costa a Costa já marcaram seu espaço no rap nacional, mas seu subgênero-filho-malandro fez por onde ocupar a “Terra do Sol” e ganhar proporções gigantescas pelo Brasil inteiro. Tudo isso graças a nomes como Matuê. Já que, no final das contas, é impossível falar do trap nacional sem citar o nome de Matheus Brasileiro Aguiar.

De “Fortal City” para o mundo

Mesmo que parte da sua vida inicial tenha sido nos Estados Unidos, foi no Brasil que o rapper se encontrou na música e desde então destila todas as referências e reforço de estilo de vida nas suas composições.

Criado em 2014, ele tem o próprio selo, 30PRAUM, onde promoveu sua primeira mixtape, “Reggae”. Mas foi por volta de 2017, com o lançamento de “Anos Luz”, que a marca ganhou atenção da mídia e dos curiosos de plantão.

De uns anos pra cá, Matuê se joga com força na cena e promove a 30 junto com os rappers Teto e WIU. E, em 2020, finalmente lançou seu disco de estreia, “Máquina do Tempo”, parceria do selo junto com a Sony Music.

O trabalho, produzido por WIU, Pedro Lotto, Celo, além do próprio Matuê, se tornou até então a melhor estreia de todos os tempos no Spotify Brasil, e alcançou o topo da lista de canções mais ouvidas na plataforma. Sem contar os singles, onde cada lançamento possui certificados de ouro, platina e diamante.

Sempre reforçando que “quem comanda é a 30”, o rapper faz questão de explorar sonoridades e flows variados a cada lançamento, apesar de seguir na mesma premissa do trap sem perder a sua originalidade e, consequentemente, a lealdade dos fãs.

Além do estúdio

Ao vivo, junto do DJ NOX, o cantor inicialmente celebra a existência do Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr. Após isso, só prova como todas as suas músicas são entoadas pelos fãs de forma ensurdecedora.

A internet realmente impacta o cenário dos festivais. É inegável como Matuê tem sido capaz de estourar essa bolha para agregar um público gigantesco para ver seus shows, principalmente uma nova geração que está começando a conhecer a vida fora das plataformas de streaming. Estamos observando de perto como o rapper tem se comunicado com essa galera: direto, intenso e enérgico.

Só em 2022, o artista foi cotado no Lollapalooza, Rock in Rio, MITA, Wehoo, Rep Festival, Alma, João Rock, Rap In Cena World, entre tantos outros. A lista é imensa, mas de uma coisa é certa: Tuê é sinônimo de casa cheia.

Anaju Tolentino

Leia mais