Uma jornada pelo cotidiano contemporâneo com “Heróis da Rua de Baixo ou Desculpa pelo Rock”
Ouça aqui:
Os Heróis da Rua de Baixo estão de volta, após dois anos de hiato, com o lançamento do álbum “Heróis da Rua de Baixo ou Desculpa pelo Rock”, que representa não apenas a reunião da banda, mas também uma reinvenção da sua sonoridade e identidade.
Inicialmente concebido como dois EPs distintos, a ideia evoluiu para um único disco que captura o diálogo político e romântico do grupo, refletindo o caos do cotidiano. “Heróis da Rua de Baixo ou Desculpa pelo Rock” transita entre diferentes gêneros musicais, fundindo o rock – do emo ao metal, do punk ao ska – com influências de jazz, rap, ritmos latinos e, claro, música brasileira, em uma expressão pulsante.
“Chamamos o que fazemos de ‘indie rock pressão alta’, onde o fio condutor talvez seja nossa forma de compor, uma poesia que lembra crônica, trazendo seriedade mas também não se levando muito a sério”.
O nome do álbum captura o humor do grupo e faz referência ao clássico “Os Mutantes ou Ando Meio Desligado”, sendo uma mistura do nome da banda e uma reafirmação sobre ser um disco de rock. A história por trás do retorno do grupo começou com o vocalista, Vinicius Marciano que, inspirado pelo livro “O Caminho do Artista”, convocou os demais membros da banda para se reunirem novamente. O encontro com Caê Zamariola, somado à entrada de Dominique Aires e Lucas Chain, foi um match perfeito, como eles mesmo dizem. Foi aí que os Heróis ficaram completos. No mesmo período, conheceram Bel Aurora, que se propôs a produzir musicalmente a banda com apoio de Luka Barone.
“Deixando para trás a cara quadrada e até reacionária na qual o meio por vezes apresenta o rock, a ideia é usarmos dessa linguagem musical como ferramenta para falar do cotidiano de trabalho, desigualdade, revolta e, claro, amar e ser amado”.
O processo de gravação no Estúdio Sinestesia foi uma jornada de descobertas e experimentações, segundo a banda, guiada por Gabriel Assad, diretor do local. Por lá, puderam explorar novos horizontes sonoros, mergulhando nas camadas de cada faixa e incorporando elementos inesperados, resultando em um álbum que oscila entre momentos de doçura juvenil e reflexões maduras sobre a vida. “Afinal, tudo isso trata do nosso cotidiano caótico”.
Entre as 9 faixas, há as participações especiais do álbum. Bel Aurora (também produtora musical), somou em “Distante”, trazendo calmaria para o disco, entre guitarras e violões mais leves. Em “Amor Capital” é levantada uma atmosfera de reflexão sobre o amor e posse com um poema de Aryani Marciano. Enquanto em “São Paulo, selva de rock”, o baião dá de cara com o funk para se abraçarem com o rock e maracatu. Nessa, a participação é de Luka Barone.
“Corredor”, “Essa Rua”, “O Meu Cupido Tem Cabeça de Bode”, “Destruction”, “Monoastereo” e “Velhoeste” fecham o projeto. A última, considerada pelo grupo a mais impactante do álbum, surge com uma orquestra que deixa um ar heróico, além de ser uma letra que descreve bem o universo da banda.
A ilustração da capa do álbum é de Caê Zamariola, o Superdrive, e a diagramação da designer Bárbara Catta. As referências foram trazidas de mangás e quadrinhos conhecidos pela banda, além da obra “Criação de Adão”, do Michelangelo, mostrando a ambiguidade entre criador e criatura. “A pedra está sendo lançada? Quem a recebe e quem a lança? Ela é passada gentilmente ou agressivamente?”, comentam.
O lançamento de “Heróis da Rua de Baixo ou Desculpa pelo Rock” é acompanhado por uma série de eventos, incluindo apresentações ao vivo e a disponibilização de merchandising exclusivo. Os próximos shows acontecem em São Paulo, nos dias 01 de maio, no Porão da Cerveja, e 04 de maio, na Porta Maldita.