Rodox: uma porrada em nome de Jesus
Gosto de histórias de vida que tenham reviravoltas. E uma das mais impressionantes da música brasileira é a de Rodolfo Abrantes. Vocalista e principal compositor dos Raimundos, Rodolfo descobriu um novo caminho para a sua vida, que ia de encontro com o que estava traçando. Se os Raimundos marcaram os anos 1990 com suas letras depravadas e mndanas, Rodolfo agora dedicaria sua caneta à dar glórias a Deus.
Resolveu deixar sua banda no auge e se refugiou, com uma nova religião, nas praias de Santa Catarina. Garanto que mais da metade dos que estão lendo isso não teriam coragem de jogar tudo para o alto como Rodolfo jogou.
Mas sua carreira na música não havia terminado. Depois de passar um tempo apenas com seu violão fazendo shows como um trovador da Boa Nova, Rodolfo resolveu voltar para o peso e para a distorção. A gravadora Warner teria agora dois artistas diferentes: Raimundos e Rodox.
E quando Rodox soltou seu primeiro disco, foi uma surpresa! As letras, claro, eram todas voltadas para a nova religião de Rodolfo. Mas o som era tão ou até mais pesado do que os Raimundos. Um hardcore cristão, nos moldes dos californianos do P.O.D. e outras bandas que também se aventuram pelo peso “do bem”.
O disco chegou até a ter alguns hits, bem trabalhados pela gravadora – como “Olhos Abertos” e a belíssima balada de FM “Dia Quente” -, além da faixa “Três Reis”, com a participação do rapper Xis e do vocalista d’O Rappa, Falcão. Já as outras faixas não soariam bem para um ouvido que não conhece o contexto cristão das letras. A produção foi de Tom Capone, o mesmo produtor do até então último disco dos Raimundos, Só no Forevis.
Destaque também para o ska “Continuar de Pé” e para a porrada aceleradíssima e com vocal gritado “Horário Nobre”.
Uma porrada… mas em nome de Jesus!
Rodox – Estreito – 2002
- Olhos Abertos
- Não Lembro Mais
- De Uma Só Vez
- Ao Lado do Sol
- Continuar de Pé
- Cego de Jericó
- Dia Quente
- Estreito
- Três Reis
- Quem Tem Coragem Não Finge
- Horário Nobre
- Quem Dá Mais
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