Mais Brasil x Primavera Sound: Luccas Carlos e sua juventude não perdida

 Mais Brasil x Primavera Sound: Luccas Carlos e sua juventude não perdida

O que dizem ser sobre “coisa de jovem” pode soar negativo, mas não para Luccas Carlos. Até porque, mesmo que a maturidade do trabalho possa ser evidente, a juventude do artista carioca ainda pulsa na sua música. 

Com o lançamento do álbum JovemCARLOS, Luccas passou fez alguns shows por São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Finalmente, o rolê chega no Primavera Sound. O festival recebe o artista junto com grandes artistas como Giovani Cidreira, L7NNON, Tim Bernardes e Gal Costa. 

No quesito “falar de amor”, a nova geração pode se contemplar com a presença de Luccas. Sem filtro e com composições perfeitas pra mandar pro @, o músico carioca tem uma bagagem bem vasta de sonoridades no seu repertório, misturando trap, r&b, samba e até pagode.

Um dos maiores hitmakers da nova geração reservou um tempinho pra gente e falou sobre tomar a frente das suas composições, panoramas da música brasileira e o porquê de show ser o melhor lugar para conhecer a identidade de um artista. Confira:

Expectativas

Citando otimismo e a insistência naquilo que acredita, Luccas enfatiza sobre o sentimento de que seguir confiante no próprio trabalho e na proposta. A gente sabe que time que tá ganhando não se mexe, mas ele foi certeiro quando se trata do Primavera Sound:

“A gente quer trazer o mesmo show que a gente fez recentemente, com banda completa e um lance onde a gente tá aprimorando. Quero fazer um lance onde o beat fale tão alto quanto a banda, sabe? É o jeito que eu gosto de consumir música e a gente tá tentando trazer mais pra minha realidade. E a gente tá bem ansioso pro Primavera, vai ser muito maneiro e quero levar a mesma experiência que tive nos shows pós-lançamento. Eu quero fazer o maior showzão, cara! Acho que [o Primavera Sound] é um festival mega importante, com nomes fodas, tá ligado? Então, assim, quero chegar bonitão e fazer um lance lindo. E se eu conseguir uma participação, qualquer uma que tá no disco, já tô felizão. Hoje em dia, ainda bem que tá todo mundo na correria, mas se rolar alguém vai ser bom demais! Não posso prometer nada, mas bora ver no que vai dar!”

 

Shows

Carioca criado na divisa entre a Tijuca e o Rio Comprido, Luccas Carlos começou cedo a entender que seu caminho seria o palco. Após sair do background musical e assumir a linha de frente do seu projeto solo, Luccas Carlos sabe que o festivais são importantes e estar nesse panorama é de fato resultado de muito trabalho:

“Levar essas músicas para os festivais sempre foi um sonho pra mim. Desde quando comecei a fazer música, quando entendi o que era um festival, sempre fiquei com a ideia do quanto seria maneiro fazer um show grande pra geral conhecer minha música. No Primavera, vai ser a primeira vez que vou levar meu show em um festival que não é nichado do rap, sacou? E aí eu tô bem feliz porque, na verdade, minha música já não tem muito um gênero definido, às vezes fica até difícil de falar pras pessoas o que eu faço. Eu acho que é R&B e tudo o que vem junto: samba, rock, pagode… Vai ser a minha cara nisso tudo, tá ligado? Mas de qualquer forma, vai combinar com a proposta do festival.”

Por vezes, a proposta do show pode acontecer uma determinada pressão, mas acaba que tudo flui de maneira orgânica e com uma sintonia boa quando a banda tá envolvida.

“No show, tem músicas que são muito diferentes do disco e complementa coisas que você faz no estúdio. Eu entendo que no ‘cara-a-cara’ a música é uma representação do que tá além do que a gente ouve no fone de ouvido. Mas no final das contas, gosto mais de show, é menos estressante e mais fácil de lidar com uma certa pressão que possa vir a surgir. É mais fácil das pessoas conhecerem meu trampo, o ao vivo quebra muito o estereótipo do que geral ouve meu trampo de estúdio.”

JovemCARLOS

Com o lançamento do disco JovemCARLOS, Luccas nos conta que “viver desse corre” reflete o cantor como expoente de uma rica cena do rap carioca, mais especificamente dos rolês da Lapa, além de uma leva gigantesca de feats e colaborações.

“Cada vez mais eu entendo esse ritmo e o meu momento. E eu nunca tinha parado pra pensar tudo o que fiz e conquistei até hoje, sacou? E é importante pra gente, pra mim como um jovem preto no Brasil, tá ligado? Pensar que há vários anos eu já saí de casa, tô no meu corre e tô conseguindo fazer minhas paradas. Então, assim, às vezes a gente quer chegar mais rápido, a gente olha pra si e acha que não fez nada, mas paro pra pensar e vejo o tanto de coisa que já fiz. Mais de 50% dos meus ídolos sabe quem eu sou ou me viram e gostam muito do meu trampo. Não tem mais aquele lance de ninguém ver meu trabalho, várias vezes eu deixei de valorizar isso da maneira como deveria, então acho que to entendendo isso e dando valor a essas coisas, buscar evoluir, musicalmente falando.”

Indagado sobre o que diria ao Jovem Carlos, a resposta não poderia ser outra:

“Fique ligado nas oportunidades que a vida te dá.” 

Panorama musical

“Parido” numa cena musical onde o foco é a coletividade, o artista carioca segue com suas convicções artísticas de que sempre pode ir além quando se trata de levar uma galera junto.

“Eu gosto muito da ideia que os artistas tivessem mais junto nos projetos, um escrevendo pro outro, sendo diretor executivo e por aí vai. Trago essa ideia há alguns anos aqui, eu não sou muito mais velho do que a galera, mas tô há mais tempo, e vejo vários caras da minha época se adiantaram, montaram suas gravadoras, selos… Eu tô numa outra ideia ainda, quero me estabelecer mais, mas acho que é chegar num lugar e conseguir usar da sua influência, fazer com que outras pessoas possam chegar no mesmo ou em outro lugar. Eu acredito muito em que a coletividade leva mais longe.”

Para fechar nossa entrevista, ele afirma que o panorama musical no Brasil merece holofote e alça voos devidamente proporcionais, e, se depender também do corre dele, podemos esperar que essa demanda seja de fato concretizada.

“A música no Brasil tá um momento lindo, e eu já venho falando isso há anos, mas essa geração agora que a gente tá vendo é uma gama de ídolos que nem Djavan, Caetano Veloso… essa galera que tá aparecendo por aí nas suas devidas proporções agora, mas é a próxima geração que vai ditar a música no país e vai ficar pra história igual esses caras ficaram. Eu vejo potencial em muita coisa e tipo, Tim Bernardes, Day, Marina Sena, Hodari, Glória Groove, Jean Tassy… a lista é imensa. É uma galera forte e que tá indo bem, isso só mostra o quanto a música brasileira tem valor, o quanto é grande.”

 

Luccas Carlos toca no Primavera Sound no dia 5 de novembro. Ingressos e line completo, você confere aqui.

Anaju Tolentino

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