Nick Souza fala sobre carreira, identidade e estreia com MC Binn: “Meu som é global, mas minha alma é brasileira”

 Nick Souza fala sobre carreira, identidade e estreia com MC Binn: “Meu som é global, mas minha alma é brasileira”

Nick Souza (Poliana Duarte)

Nick Souza é o tipo de artista que não cabe em uma só caixinha. Nascido e criado no Canadá, mas com raízes brasileiras fincadas no coração e no som, ele encontrou sua identidade musical ao misturar o R&B e o Pop típicos de Toronto com os graves e batidas do funk brasileiro — criando uma sonoridade que ele próprio descreve como autêntica, híbrida e global. Em seu novo single “Posso Fingir”, Nick dosa emoção e atitude com uma produção dançante e moderna, trazendo à tona o sentimento agridoce de quem descobre que foi enganado, mas escolhe transformar a dor em libertação. A faixa marca ainda a colaboração com MC Binn, numa conexão que, segundo o artista, realizou um sonho de adolescência.

Em entrevista ao Mais Brasil, Nick falou sobre o caminho até esse momento, a construção de sua estética sonora independente e bilíngue, e como a multiculturalidade de Toronto o inspirou a buscar novas formas de expressão. Produtor, compositor, cantor e saxofonista, ele cuida de cada detalhe de suas faixas com um olhar sensível e técnico ao mesmo tempo — e já tem um álbum pronto que promete ampliar ainda mais os horizontes dessa fusão. Com o pé na cena alternativa e o olhar voltado para o futuro da música pop global, Nick Souza é uma voz que atravessa fronteiras e conversa com uma geração que, como ele, não se sente limitada por rótulos ou geografias.

 

MAIS BRASIL – Você cresceu no Canadá, mas carrega suas raízes brasileiras com muito orgulho. Como isso influenciou sua sonoridade e identidade musical?

Sendo canadense, os gêneros mais fortes de lá são R&B e Pop. Então, em termos de acordes e harmonia, eu puxo muito para esse estilo, até no jeito de cantar. Mas em termos de bateria e percussão, o beat mesmo, o Brasil sempre mexia muito mais comigo do que os beats de Trap, R&B ou Pop tradicionais norte-americanos. Então resolvi misturar os dois e criar algo que é autêntico para mim.

 

Seu novo single, “Posso Fingir”, traz uma pegada dançante com letra um pouco revanchista. Como você chegou nessa combinação de sentimentos e ritmos?

Eu sou um cara bastante emotivo, com Lua em Câncer e, ainda por cima, sou músico. Então sinto tudo ao mesmo tempo de uma forma bem forte. E as emoções que a pessoa sente quando percebe que está sendo iludida é uma combinação de tristeza e raiva. Mas ao mesmo tempo é esclarecedor e libertador. Uma vez que a verdade daquela pessoa está exposta, você tem a Liberdade de sair desta situação ou até mesmo devolver na mesma moeda. Às vezes um revanche bem dado é um bom motivo pra sair dançando e comemorando [risos].

 

Como foi trabalhar com MC Binn em estúdio e como essa conexão surgiu?

Foi um momento surreal pra mim. É sempre louco conhecer alguém por sua imagem pública primeiramente e só depois conhecê-la pessoalmente. Trabalhar com o Binn foi bem gratificante. Uma pessoa muito tranquila, centrada e profissional no estúdio. Chegou com uma letra escrita e pronto pra gravar. Adoro trabalhar assim. A conexão surgiu através da Juliane, da Brisa Music, minha gestora. Ela fazia parte do time dele e, para além disso, mantinha uma amizade próxima. 

 

Você cuida de tudo: composição, produção, mixagem, masterização… Como é equilibrar todas essas funções sem perder a sensibilidade artística?

Acho que hoje em dia isso faz parte da sensibilidade artística. Com a democratização de conhecimento e recursos no mercado, cada vez mais o trabalho quase inteiro é centralizado no artista. Vimos isso com a migração de marketing nos conteúdos das mídias sociais. E na criação de musica não é diferente. Um artista que tem conhecimento de tudo consegue realizar uma visão que é bem mais marcante e autêntica. 

 

De “All The Way” até agora, o que mudou em você como artista e ser humano?

Acho que amadureci sobre quem eu sou e sobre o que quero representar – tanto quanto artista como ser humano. Naquela época, em 2019, o Trap/Pop estava em alta na América do Norte. Todo mundo gostava e queria fazer, mas chegou a um ponto que eu quis começar a fazer um tipo de música mais autêntica para mim e não o que o mercado pedia. 

 

Podemos esperar um álbum ou EP com mais dessa mistura de funk com R&B e jazz latino? Já tem algo no forno?

Já tenho um álbum pronto e é um som que vai ressonar pelo mundo inteiro. Acredito muito nessa mistura de sons internacionais com a nossa música brasileira. Com letras bilíngues, uma pegada comercial, mas ao mesmo tempo um som diferente do que está no mercado. Mas antes disso ainda quero lançar alguns singles para aumentar minha audiência nas redes e, quem sabe, ter um público bacana para fazer barulho com este trabalho.

Nick Souza (Poliana Duarte)

 

O quanto a cena alternativa de Toronto te influenciou na estética e produção do que você faz hoje?

Toronto é a cidade mais multicultural do mundo, me influencia demais e tem uma variedade de cenas musicais/culturais que não tem em nenhum outro lugar do mundo. Eu falo isso com toda a segurança. Quem vai até lá, sai uma pessoa diferente da que chegou. A base de R&B/Pop de lá, misturada com a multiculturalidade, cria um berço aonde tudo pode acontecer: novos gêneros sendo inventados, faixas que incorporam varias línguas e dialetos do mundo inteiro. Toronto é como se os quatro cantos do mundo estivessem concentrados em uma cidade de apenas 6 milhões de pessoas. É muito doido.

 

Que artistas independentes do Brasil você tem acompanhado e gostaria de trabalhar no futuro?

Gosto muito do Franco the Sir! Já colaborei com ele em algumas de suas produções. Nosso relacionamento tem se aprofundando bastante. Também gosto muito do Lukas G, de Minas Gerais. As montagens de funk que ele faz encaixam muito com a proposta Pop/Funk que eu estou buscando.

 

Como você encara o papel da música como ferramenta de resistência e expressão cultural nos dias de hoje?

Acho que através da musica podemos criar mundos e comunidades pra pessoas que não se sentem representadas. Na verdade é sempre sobre criar comunidades. Eu sou um cara que representa duas culturas bem diferentes e, ao mesmo tempo, não sou representado por cultura nenhuma. Isso é muito difícil de entender se você não vive essa realidade. Mas como o mundo está mais globalizado do que nunca, essa dinâmica está ficando cada vez mais aparente na nova geração. E essa galera tem cada vez mais procurado algum lugar para se sentir em casa.

 

 

@musiquepress

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