Juão Nÿn apresenta ABYA YALA, o primeiro single de seu novo disco-solo
Expressão afirmativa que ecoa “Terra Viva” pelos povos originários, ABYA YALA é como os mesmos decidiram chamar o continente – ao invés de usar o nome de um colonizador para batizar as terras em que vivem. O termo é oriundo da cosmovisão do povo Guna do Equador, e se torna título da nova canção de Juão Nÿn. Primeiro single de seu próximo álbum, a faixa reafirma a autodeterminação das Populações Originárias como algo inegociável para a manutenção das culturas, línguas e corpos nativos. Ouça aqui.
“Esta canção possuy versos que jogam um contra feytyço às nomenclaturas e fycções colonyays, com um refrão que narra cronologycamente os outros nomes que este contynente já teve e saúda nomes de antygas aldeyas Potyguaras documentadas no século XVI no Ryo Grande do Norte”, explica Juão. O multiartista potiguara se prepara, agora, para lançar um trabalho que já vem sendo maturado desde Agosto de 2023 – e que no último ano foi apresentado ao seu público em audições no Ceará e em São Paulo. Juão também chegou a fazer um único show de pré-lançamento do disco nos territórios Catu e do Amarelão, ambos potiguara, como parte de um importante movimento de amplificar a conexão do público com a Música Indígena Contemporânea, já naturalizando as nove canções do disco cantadas em Tupi.
NHE’ETIMBÓ mescla composições autorais com o catimbó, considerado por pesquisadores como o Mário de Andrade, em missões folclóricas nos anos 30, um feitiço. “Por isso gosto de falar que meu disco, que é todo baseado no conceito do catimbó, chega como um contra-feitiço para desfazer aqueles feitos sobre nós”, conta Nÿn. Mais cedo neste ano, em um papo com a Bolsa de Disco (veículo independente em prol da resistência cultural, de Mossoró, RN), Juão afirmou: ““A gente vyve num contynente chamado Améryca, mas é o nome do colonyzador. A nossa terra nunca vay poder se chamar pelo nome de um colonyzador, alguém que nos vyolentou, que machucou a terra. Então, para o povo Guna do Equador, o meu povo, esse contynente se chama ABYA YALA, e ay tem uma canção dyzendo, em tupy, para que a Améryca vyva a Europa tem que morrer, para que ABYA YALA vyva as Amérycas têm que morrer”.
Com a base eletrônica feita por Nelson D., teclados e baixos assinados por Zé Nigro e a produção de Kastrup (os dois últimos, vencedores do Grammy Latino), o novo single marca ainda todo um novo momento na carreira de Juão Nÿn, agora, como artista solo. O cantor tem uma trajetória marcada pelas bandas AK-47 – com a qual lançou os discos A Rainha na Terra dos Decapitados (2009) e Anemola (2015) –, e a Androyde Sem Par, com os álbuns Grave (2013), Ruynas (2019) e Antena Rays (2023).