Jonavo finaliza os lançamentos da sua ‘Revoada Acústica’ e joga álbum completo nas plataformas digitais

 Jonavo finaliza os lançamentos da sua ‘Revoada Acústica’ e joga álbum completo nas plataformas digitais

Jonavo, por Sylvia Sanchez

Novo álbum do artista sul-mato-grossense sai pelo selo Marã Música com 17 faixas gravadas ao vivo e participações de Renato Teixeira, Paola Karime, Lauro Pirata e DJ Itamar

“Eu nunca tentei pegar um atalho, abreviar um caminho.”

Caminhante errante, peregrino em constante busca por autoconhecimento, Jonavo é um livro vivo, cheio de histórias, todas frutos das experiências em sua jornada como músico e pesquisador e que, compiladas, resultam em belas e profundas canções. Como um pássaro que revoa, o cantor, compositor e multi-instrumentista saiu de Mato Grosso do Sul para morar em São Paulo, mas acabou descobrindo o sabor de rodar pelo mundo e voltar para se reconectar com o seu lugar. Seguindo sempre a máxima do escritor russo Leon Tolstói, em que ele diz que, “se queres ser universal, fale de tua aldeia”, Jonavo é um estandarte do folk em meio a um mercado que pouco abraça a música de raiz.   

Como qualquer clássico do gênero disseminado no mundo por Bob Dylan, Jonavo gosta de contar histórias. E foi durante o período em que morou em São Paulo que percebeu que precisava de novos ares, afinal, apesar do sucesso de um de seus projetos, o Folk na Kombi, em seu dia a dia, ele estava vivendo só o lado trash de sua faceta beatnik. Quando decidiu viver para valer a filosofia da Geração Beat (movimento cultural e literário dos EUA dos anos 1950-1960 que prezava pelo inconformismo, rejeitava o materialismo e a cultura de massa e buscava expressões artísticas alternativas), vendeu tudo que tinha e caiu na estrada – on the road again – com apenas três volumes (uma mala, uma mochila e um violão) para experimentar novas culturas e encontros. 

Nesse processo, absorveu muitas vivências, escreveu muitas músicas e coletou outras que tinha vontade de gravar. Sem pegar atalhos, foi reunindo um rico material que começou a apresentar ao mundo através de singles e clipes e, agora, está sendo lançado em “Revoada Acústica”. Com 17 faixas gravadas ao vivo e registros em audiovisual de responsa, já disponíveis no YouTube, o álbum mistura seu folk com rock, pop, MPB, blues e sertanejo. Incrementam o disco as participações (ou melhor, feat) de Renato Teixeira (em “Musicando o vento”, de Jonavo), Paola Karime (em “Barriga na minha”, de Jonavo e Gustavo Mugnatto) e Lauro Pirata e DJ Itamar (em “Livre”, de Sorocaba), gente que ele foi encontrando enquanto rodava o país: “As pessoas que a gente encontra na caminhada mais longa são as que chegam para ficar”, afirma. 

Dos romances, saíram novas canções. Das estradas, incluindo suas andanças pelos Estados Unidos, onde emplacou uma carreira e constantemente faz shows, reconectou-se com músicas que escolheu regravar, como “Tennessee Whiskey”, composição de Dean Dillon e Linda Hargrove consagrada por Chris Stapleton. Dos clássicos que sempre prezou – e para falar de “tua aldeia” –, trouxe para o álbum “Mochileira”,  de Geraldo Roca, autor regional do Mato Grosso do Sul, e “Tocando em Frente”, composição do conterrâneo Almir Sater com o paulista Renato Teixeira. Das memórias, resgatou canções de discos anteriores (“Jonavo & Barulho Zen”, 2011; e “Casulo”, 2017).

‘Dançar eu Vou’, ‘Caipira do Mato’ e ‘Bom Dia’ eram do repertório do Folk na Kombi. Do ‘Casulo’, eu trouxe ‘Musicando o Vento’, com Renato Teixeira cantando comigo. ‘Livre’, canção do Fernando e Sorocaba, mostra uma proximidade minha com o sertanejo, porém numa roupagem  hip hop, com participação de Lauro Pirata e do DJ Itamar. ‘Onde Deus Possa me Ouvir’ é do Vander Lee e eu me conectei a ela em minhas andanças por Minas Gerais. ‘Faz Parte do Meu Show’, do Cazuza, sou eu! Todas que não são minhas, eu peguei para mim. Tudo é vida real nesse disco. Esse trabalho é um divisor de carreira. Por isso chamei de ‘Revoada’: sou a ave que voa com muitos pássaros e volta para o lugar de onde saiu”.

Ouça “Revoada Acústica” no Spotify

 

Capa “Revoada Acústica”

Dos shows que fez por onde passou, Jonavo experimentou a simplicidade da voz e do violão, coisa que levou para o novo trabalho. Não à toa, “Revoada Acústica” traz faixas em que só Jonavo brilha – seja com seus violões (de 6 e de 12 cordas) ou com o bandolim – e outras em que ele está acompanhado apenas de dois músicos: Pit Souza (baixo, vocal e direção musical) e Humberto Zigler (bateria e vocal). 

“Achei um formato com o qual posso viajar. Hoje, tenho parceiros que tocam comigo em qualquer cidade do mundo… Em outros lugares, subo ao palco sozinho, como aconteceu recentemente quando abri alguns shows do Jota Quest na Europa”, explica Jonavo. 

“Paraíso Baby” é a música de trabalho deste lançamento pelo selo Marã Música, mas estão no disco também: “Beijo Beijo”, “Slackline in Love”, “Doce com Salgado”, “Monogamia” e “Gisele”, esta última dedicada à sua mãe. Estimulado pela leitura de uma biografia de John Lennon, inspirou-se em “Julia”, canção que o ex-Beatle compôs para sua própria mãe. Já o pai de Jonavo participou de fato da produção: Humberto Mendes assina a cenografia dos clipes registrados no Teatro Cia “Paideia Cultural”, em São Paulo. Os outros foram gravados em um ambiente com um trailer e uma fogueira (bem on the road). Assinado por Nê Bardac, o figurino foi sendo montado pelo próprio artista com elementos captados durante suas andanças. 

“O audiovisual é como se fosse um filme em que, ora eu estou em ambiente externo, ora no palco do teatro. Começa com ‘Beijo Beijo’, eu tocando na frente do trailer, usando uma capa que comprei no Rio Grande do Sul e um chapéu de Nashville (EUA). O figurino conversa com o projeto. E esse estilo foi sendo construído enquanto eu viajava. Antes, não tinha as tatuagens. Fui deixando o cabelo crescer, adotei o brinco grande… Fui pegando tudo isso na estrada, absorvendo os ares de vários lugares, uma construção do que me tornei”, conta Jonavo, que hoje dá palestras para novos artistas sobre ser um profissional independente.

O audiovisual teve direção de Jorge Brivilatti, com quem Jonavo trabalhou em campanha do Rock In Rio 2017, e a direção de fotografia é de Sylvia Sanches. Ao todo, mais de 30 pessoas se envolveram nessa revoada de Jonavo, créditos que podem ser conferidos um a um nos vídeos do Youtube.

Sobre Jonavo

O cantor, compositor e violonista de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, lançou seu primeiro álbum em 2011, “Jonavo & Barulho Zen”, produzido pelo renomado baixista e produtor Arthur Maia. Jonavo partiu para São Paulo e, em 2013, idealizou e criou o festival Folk+Brasil, primeiro evento a juntar gerações de artistas que se reconhecem como parte desse estilo no país. A partir deste evento, deu início a uma nova fase de sua música. Entre 2015 e 2021, fez parte do grupo Folk na Kombi, alcançando reconhecimento de mídia e público com os DVD’s “Um filme de música” e “Ao vivo no Auditório Ibirapuera”. 

Ao longo de sua carreira, já tocou com nomes como Zeca Baleiro, Renato Teixeira, Zé Geraldo, O Teatro Mágico, Almir Sater, entre outros. Em 2017, lançou o aclamado álbum “Casulo”. No mesmo ano, foi convidado a participar do reality show Sky Na Rota do Rock com mais de 20 milhões de exibições no YouTube, e que levou o artista para se apresentar no palco Sky Rock Station do Rock in Rio. Rodou o Brasil, os Estados Unidos e chegou ao Canadá e alguns países da Europa. Nos voos internacionais, abriu show de Nando Reis (EUA) e Jota Quest (Europa). Atualmente, está em fase de lançamento do “Revoada Acústica”.

Chris Fuscaldo – Jornalista, pesquisadora musical e biógrafa

@MaisBrasil

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