Indy Naíse celebra 10 anos de carreira no CCSP

 Indy Naíse celebra 10 anos de carreira no CCSP

Foto: Artur Cunha

Com show comovente, político e afetuoso, cantora mostra a força de suas canções ao vivo
Por Eça Pessoa 
Um palco repleto de lírios dourados acolheu um público ansioso para o show de comemoração dos 10 anos de carreira da cantora Indy Naíse na sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo, no último dia 04.
Embalada pelos ventos e pelas águas, a voz da baiana de Juazeiro radicada em São Paulo entoa “Licença” abrindo os trabalhos da celebração, seguida de “Filha do Trovão”, ambas faixas do álbum “É Questão de Cor” de 2018. “É Daquele Jeito”, single lançado em 2022 em parceria com Yasmin Olí, que assina a direção musical e acompanha Izy no backing vocal, prepara o público para o mar de emoções que estaria por vir.
Apesar da febre e de enfrentar problemas de rouquidão devido a um resfriado momentos antes do show, Indy manteve o tom original de suas canções e não perdeu a força de sua chegada ao palco fazendo jus ao repertório que seria cantado a plenos pulmões pelos fãs e amigos presentes até o fim da noite.
Através de músicas inteligentes e repletas de críticas sociais, como “Violeta”, de Uma Luiza Pessoa, o sucesso “Erê (menino prateado)” e “Corpo Fechado”, Indy fez um manifesto de resistência de uma artista independente que não aceita o ostracismo imposto pela sociedade a toda mãe e muito menos as injustiças sofridas pela população negra.
Um dos momentos mais emocionantes da apresentação foi a homenagem ao seu pai, Eloy Domingos, músico conhecido em sua cidade natal e grande incentivador da sua carreira. Ao som de “Saudade”, fotos e recordações de infância mostraram o caminho que levou a cantora ao palco do CCSP para comemorar uma década de composições marcantes. É nesse momento que o show começa sua incursão pelo amor.
Foto: Artur Cunha
Depois de pedir licença para quem chegou antes e firmar suas raízes e opiniões, é chegada a hora de Indy refletir sobre os diferentes tipos de amor rodeada por elementos dourados que fazem referência a Oxum. Executado na íntegra, o EP “Esse é Sobre Você”, primeiro álbum produzido por Rincon Sapiência para outro artista, recebeu as reações mais calorosas.
 “Cicatriz Lunar” com a sua vibe gostosa no melhor estilo Destiny ́s Child, inspirou coreografias e gritos potentes de felicidade dos fãs que nitidamente se identificam com a faixa.
“A(Mar)É” se mostrou ainda mais poderosa e envolvente ao vivo, me fazendo pensar que o mercado musical atual está mais doente do que imaginava porque é guiado por pouca visão artística e deixa de investir em talentos como Indy Naíse, que estão em uma jornada de criação profunda e sensível. O Centro Cultural São Paulo está de parabéns por ir na contramão e abrir espaço para artistas como Indy que produzem obras capazes de sobreviver aos likes e marcar a vida das pessoas. Apesar dessa constatação, é impressionante perceber como Indy tem se reinventado diante dos desafios, a qualidade artística com que se coloca aponta uma nova fase, mais madura, de seu trabalho, como se lhe caísse a ficha de que os desafios a tornaram uma figura ainda mais poderosa, que não pede licença de cabeça baixa, mas como forma de se anunciar, como a garoa que precede a tempestade.
Vale ainda exaltar o trabalho impecável da banda que, assim como ela, se apresenta com altíssimo grau de maturidade e experiência, sendo eles a baixista Debora Christian, a pianista Ana Cruse, a baterista Pitee e a percussionista Sisa Medeiros.
Foto: Artur Cunha
Indy Naíse ainda interpretou “Prece ao Vento”, “Lírios”, “É Sobre Você”, “Paixão Interestelar”, além de um pout-pourri com “Só Você Sabe”, “Fogo no Baile”, “Muito Tempo é Pouco” e “Meu Sim”, encerrando com “Encontro o Mar” e um bis de “Goteira”.
Confesso que o tempo passou rápido demais, acabando com a expectativa de poder ouvir “Flor de Maracujá”, que acabou ficando de fora do setlist. Nem mesmo a exaustão de um corpo doente impediu que a cantora cuidasse dos mínimos detalhes de seus adereços e produção executiva, do cuidado com os fãs ao final do show e da presença plena que guardava cada rosto na plateia, nitidamente feliz pela trajetória que realizou até aqui.

 

Ao fim deste show só pude concluir que a cidade de Juazeiro, na Bahia, com certeza tem algum tipo de magia porque é de lá que brotam as maravilhas de nossa música. Não contente em ter gerado as sementes que floresceram João Gilberto e Ivete Sangalo, o município ainda nos deu de presente a cantora Indy Naíse, um fenômeno que com certeza entrará para história como seus conterrâneos.

Um parabéns também muito especial a todos os artistas envolvidos nas áreas plásticas, técnicas e de produção:

Área técnica
Iluminação e Direção de Show
Felipe Miranda

Técnico de Som
Gabriel gaúcho

VJ
Kelly Pires

Áreas Plásticas Cenografia e Técnicas de Palco Camila Bueno
Ritinha
Matheus Rodelli
E Camila mistrorigo

Produção
Bianca Chioma

Banda
Direção musical e voz: Yasmin Oli
Vozes: Izy
Baixo: Debora Christian
Piano: Ana Cruse
Bateria: Pitee
Percussão: Sisa Medeiros

Direção Executiva, Artística e Voz: Indy Naíse

@MaisBrasil

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