Festival CoMa: Conferência vai provocar a cena e debater realidades da música
Já imaginou um encontro entre BaianaSystem e Oiticica?
A 6ª edição da Convenção de Música e Arte (CoMa) está chegando em Brasília com realização da Revista Traços. Os ingressos para os shows de Tuyo, Letícia Fialho, Murica, Johnny Hooker, Melly e muito mais, já estão praticamente esgotados. Esse ano o evento acontece no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em meio a obras de Portinari, Oiticica e Amilcar de Castro. Para além da farra, a convenção promete agitar os circuitos da música brasileira em busca de soluções.
Conversei com Diego Marx, Diretor Artístico do CoMa, que começou listando as micro revoluções propostas para a edição desse ano. Nada de cerveja de fora. Em parceria com produtores locais, o festival venderá apenas rótulos independentes. Recuo no preço dos ingressos aos valores da primeira edição, possível pela redução nos custos estruturais. E mais que isso, a realização de utopias imaginadas desde a concepção do projeto, lá em 2017.
“O CoMa parte de um coletivo que adora ter sua própria utopia. A gente adora, de verdade, pensar que é possível transformar as relações humanas, a sociedade. Algumas coisas aconteceram e eu sinto que é pra caminhar mais para esse lugar de autoconhecimento, de revelações, de encontro, de comunhão”, introduz Diego Marx expressando o sentimento que atravessa o CoMa nessa nova fase.
Grandes nomes da música brasileira já passaram pelos palcos como Lenine, Ney Matogrosso e Carlinhos Brown e as imortais Elza Soares e Gal Costa. A cada edição uma surpresa na experiência, em sua maioria no gramado da Funarte no Eixo Monumental em Brasília. Muitas luzes, design, sofisticadas ativações de marcas, influencers nacionais circulando pra lá e pra cá… o que passou a ter – e fazer – outros sentidos durante a pandemia. O Laboratório de Mundo experimentado em 2020, gerou fórmulas que podem até não ser um remédio de efeito imediato, mas já pingam várias doses de transformação no circuito da música no coração do Brasil, reverberando para todas as partes.
“É sobre um processo de olhar para as feridas que estão abertas no mercado da música e, através da cultura, tentar transmutar isso. Usar as ferramentas que a gente tem para aplicar um curativo nas feridas. Existe uma ferida latente pós-pandêmica que estamos trazendo para o centro: as casas de shows no Brasil. Como elas estão? Outro ponto vai furar bolhas: a desconexão que uma parte da sociedade tem com o próprio Brasil, o Brasil profundo. E não tem saída sem Brasil profundo. Não tem, não tem como viver fora”.
Para além das páginas da Revista Traços e dos limites do CCBB, o CoMa quer provocar uma reflexão na cena local. E uma das constatações é a desigualdade que há na música. Sim, já sabemos que de direitos autorais a grammy há desigualdades. Mas o mapeamento feito mostra o esforço de artistas independentes para circular, enquanto outras “indústrias da música” realizam três, até quatro vezes mais shows.
“É só observar os cantores que vem pra Brasília e fazem oito datas no DF, às vezes no mesmo fim de semana. Como é que alguém vem, faz oito shows aqui e esses artistas que estão no midstream não conseguem fazer dois? Onde é que tá esse público? Quem são essas pessoas? Por que elas não se conectam com esse stream da música?”, instiga Diego para reflexões que vão além das aparências. É o que está nos bastidores. O financiamento desses mercados, as estratégias por trás da arte e do que é POP e populariza.
E nenhuma proposição melhor que a feita pelo Diretor Artístico do CoMa quando falamos das potências da música que precisam atravessar os obstáculos da visibilidade.
“O Brasil tem seu jeito de ver o mundo. Não é uma pretensão, é um jeito só nosso. Não adianta. Tem que nascer aqui. Tem que ter sol, tem que ter rio, tem que ter praia. Tem que viver a comunidade de uma forma diferente. Se um certo contexto criou Michael Jackson, nosso contexto cria Jéssica Caitano, Vanessa Moreno e muitas outras”.
Com novidades edição após edição, a riqueza da música brasileira encontra enfim seu estado de arte, numa versão inédita do CoMa que anuncia o futuro do projeto. Teatro, cinema, shows, oficinas, arte, arte, arte. Observador do tempo, Diego garante que tanto o que acontece na convenção quanto o que se vê nos palcos, acompanha as evoluções da sociedade e surte efeitos prolongados, que chegam a durar até a próxima edição. Ou mais.
“A tendência é cada vez a gente ter menos barreiras. Temos Johnny Hooker cantando Marília Mendonça, os 50 anos de João Bosco, Boogarins e Gaivota. É sobre isso. Essa é a potência do festival! Você se conecta com pessoas diferentes e acaba se conectando com outras culturas, descobrindo coisas novas.”
Programação Conferência CoMA
Quarta-feira (04/10)
Debate de abertura – 18h “Cultura: alimento para a alma”
Com: Ministra Margareth Menezes e Chef Lili Almeida;
21h30 – Francisco el Hombre
Quinta-feira (05/08)
Debate
10h – O que é a música POP do Brasil?
Com: Raina Biriba e Iuri Rio Branco (Patricktor4)
Mentoria
10h – Ampliando Horizontes e Conquistando Novas Oportunidades
Com: Guta Braga – RJ | Priscilla Crespo – SP | Rayssa Oliveira – BSB
10h – Café da Manhã Comitiva Canadense
14h – Acústica Arquitetônica para Casas de Shows e Estúdios Profissionais
A oficina irá cobrir os temas mais importantes que são considerados em projetos de espaços profissionais onde a qualidade do som é fundamental para o sucesso do empreendimento.
Com: Renato Cipriano
Oficinas
14h30 – Todas as marcas na música: um ecossistema de relações e interações.
Com: Coy Freitas
14h30 – Todo DJ Já Sambou 20 anos – O papel do DJ como agente transformador da cena musical
Mediação: Claudia Assef Com: Tiago Pezão | DJ A | Oblongui | Odara Kadiegi
16h – Reunião
É viável ter casa de show no Brasil? O que fazer para a conta fechar?
Com: Players de Casas de Shows do Brasil
16h30 – Oficina
Underground monetizado – Como ganhar dinheiro com sua música sem enrolação
Com: Riko Viana
17h – “A voz profunda do Brasil: desvendando o negócio por trás do funknejo, bregafunk, piseiro e sertanejo
Com: Priscilla Crespo (Lep Music Brasil) | Zé Pretim (Sua Música) | Ricardo Leão (Selo Estelita)
18h – Showcases e DJCases
22h – Show Letrux
Sexta-feira (06/10)
Debates
10h – A importância dos Circuitos Culturais Públicos para a vida de uma Cidade
Mediação: Fábio Maleronka Com: Juca Ferreira | Cláudio Abrantes
Oficina
10h – Desvendando a Sincronização de Músicas no Audiovisual
Com: Flávia César (Warner Chappell)
10h – Rodadas de Negócios | Oportunidades B2B
Com: Players Casas de Shows do Brasil
14h30 – Music Branding – Por que fomentar a música é rentável para uma marca?
Mediação: Fernanda Paiva Com: Coy Freitas (Otorongo) | Melina Couto (Heineken) | Mel Pedroso (ELO)
Mentoria
14h30 – Mentoria do Clê (individuais)
Com: Clemente Magalhães
Debates
14h30 – Eu me interesso pelas coisas que nunca fiz
Com: Batman Zavareze e Andrey Hermuche
16h – Fomento de cenas – A importância dos prêmios, mercados e dos espaços formativos para música.
Com: Daniel Morelo [Formemus] – ES | Monique Dardenne [WME] – SP | Gabriel Murilo [Música Mundo] – BH | Natália Botelho [Jovem de Expressão] – DF | Gustavo Vasconcelos [PPM] – DF
Reunião
16h – Banco de dados com a inteligência das casas: os artistas não sabem mensurar o seu tamanho e quantos ingressos vendem. Uma grande roda de conversas para repactuar novas possibilidades para o mercado independente da música.
Com: Players Casas de Shows do Brasil
Mentoria
17h – Ampliando Horizontes e Conquistando Novas Oportunidades
(fechada para 3RAs) Com: Guta Braga e Diego Marx
17h30 – Diagnóstico da presença de mulheres no mercado da música – Pesquisa da UBC
Com: Paula Lima (Presidenta da UBC)
18h30 – A festa das festas