Explorando a diversidade musical urbana, Guilherme Peluci apresenta álbum “São Paulo Instrumental”
“Neste projeto, cada artista participante foi selecionado a dedo, são artistas especiais, todos são protagonistas com destaque em sua particularidade. Esta curadoria faz parte do meu trabalho, escolher pessoas diversas de diferentes lugares e estilos e colocá-las para improvisar coletivamente. Quem conduz deve ter o papel de estabelecer e gerir um ambiente seguro onde cada indivíduo possa se expressar de maneira genuína dentro do coletivo.”
Partindo desse guia conceitual, Peluci convidou 12 artistas de diferentes estilos da música instrumental, desde jazz e rock até forró e hip-hop, para uma sessão de improvisação conduzida em estúdio. Dois dias de gravação com 300 minutos de material bruto, que após editado resultou em sete faixas que capturam a essência da experiência coletiva de criação em tempo real. Durante o segundo dia de gravação, John di Lallo se integrou ao grupo, totalizando 13 artistas.
Entre os participantes estão artistas singulares como DJ RTA, campeão mundial de scratch, e o pianista Benjamim Taubkin. Cada artista traz sua própria bagagem musical, contribuindo para a riqueza e diversidade sonora do projeto que apresenta ainda Vanessa Ferreira no contrabaixo, Sue na guitarra e samplers, Barulho Max na percussão, objetos, flauta transversa e vocal, Luiz Rocha no clarinete e clarone, Desirée Marantes no violino, Gylez na viola, Felipe José no violoncelo e flauta transversal, Bruno Duarte na percussão, Pedro Michelucci na bateria e John di Lallo no synth.
“Manifesto Ad Hoc: Toda ação individual deve ser consciente, autônoma e levar em consideração o contexto, arriscando-se de forma intencional e atenta. O que é o erro, senão um convite ao inesperado? Equívocos são como pontos de partida para novas direções. O objetivo de cada um deve ser contribuir para a integridade geral da construção em progresso. O todo é formado por partes conectadas. Confiança, companheirismo, responsabilidade compartilhada. Todos são responsáveis pelo resultado do coletivo. Escutar é uma atividade ativa que envolve análise, pensamento e sentimento. Requer empatia e a habilidade de se colocar no lugar do outro, compreender suas perspectivas e experiências. Estar presente no momento. Sentir o fluxo criativo, sem julgamentos, sem expectativas.”
O álbum nasce, afinal, da longa trajetória de pesquisa e prática de Guilherme Peluci na área de improvisação conduzida. Desde 2010, Peluci tem explorado diferentes técnicas de regência, como Soundpainting, Conduction e Ritmo con Señas, com influências de grandes maestros como Santiago Vazquez, Walter Thompson e Butch Morris. “Este álbum é o resultado de mais de uma década de estudo, prática e experimentação em improvisação coletiva”, comenta Peluci.
Os nomes das faixas sugerem possíveis narrativas sonoras, mas o álbum instrumental proporciona ao ouvinte uma interpretação livre. Caminhando entre as tracks, “Espada de São Jorge” chega como uma abertura urbana com diálogos sonoros contínuos e vibrantes, seguida por “Queijo Lanche”, que apresenta um ambiente relaxado, notas longas e sinos. “Pedestre no Anhangabaú” oferece um passeio pelo centro da metrópole imaginária, cheia de encontros sonoros, enquanto “Liberdade e Consolação” celebra o espiritual em uma festa repleta de histórias ancestrais. “Vai na Fé” captura a jornada noturna de volta para casa, cheia de esperas e reflexões, e “Destino Paraíso” evoca um piquenique primaveril no parque, trazendo a alegria de respirar. O álbum fecha com “Desvairismo”, que retrata uma São Paulo digital, expandindo-se infinitamente em cenários sonoros caóticos.
São Paulo Instrumental – projeto contemplado pela 7ª Edição do Edital de Apoio a Música para a cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura – é um álbum para amantes de jazz contemporâneo, trilhas sonoras e música instrumental, com referências sonoras de mestres como Frank Zappa e Naná Vasconcelos. As faixas possuem uma característica rítmica e progressiva, revelando cenários sonoros e personagens-objeto que transitam entre espaços. A obra convida o ouvinte a explorar paisagens sonoras imaginárias, interpretando livremente as músicas, e destaca a importância e potência do diálogo entre artistas de diferentes origens. Peluci enfatiza a responsabilidade compartilhada e a abertura para o inesperado, refletindo sua visão sobre o processo criativo.