É hit do início ao fim: Marina Sena lança “De Primeira”
O que você está lendo aqui não é apenas o lançamento de mais uma obra da música brasileira. É a continuidade de uma verdadeira identidade sonora nacional, sem ufanismos. É o trabalho de quem realmente entendeu do que se trata nossa estética, de quem faz transfusão de cultura na veia. A vida inteira. É o pop genuinamente nosso, que surge de lugares inimagináveis.
De Taiobeiras, região Norte de Minas Gerais, pertinho de Montes Claros vem Marina Sena. Que é daquelas amigas que a gente parece conhecer a vida inteira, basta abrir a boca. Seja pra cantar ou só prum sorriso. Cara e voz familiares que fazem qualquer banho de mangueira ser melhor que uma ilha particular.
“‘De primeira as coisas eram diferentes’, ela dizia. Meu som é atemporal e nostálgico, ele faz você voltar para um tempo que você nem sabe qual é, do mesmo modo que te dá uma sensação de que aquilo já existe”, acredita Marina.
E é isso que ela quer. “De Primeira” é expressão popular, como quase tudo o que nutre as composições. É sobre fazer efeito de primeira, visto a trajetória com Rosa Neon, A Outra Banda da Lua, Djonga e sua vida dedicada à arte. Mas é também uma transposição de sentido de algo que sua mãe dizia. O que talvez você só entenda conversando pessoalmente.
Desde o fim da Rosinha e a multiplicação em quatro desse fenômeno cadente, em março com “A Gente é Demais”, quem acompanha Marina já estava preparando o coração. Mas tem tempo que ela vem maturando o projeto solo. Ano passado inclusive ela apresentou “Amiúde”, música que tinha acabado de compor e veio na faixa oito do disco. Quem viu viu.
“Me Toca” veio de surpresa em janeiro e agora em maio “Voltei pra Mim” já tinha dado o recado “Amor eu te deixei, pra ir atrás do que eu sonhei”. Na peleja, Marina se jogou e ganhou um forte aliado na produção musical, Iuri Rio Branco, que assina todas as faixas e trabalhou com Jean Tassy, com o prodígio Pedro Alex filho de Alexandre Carlo do Natiruts, além de Murica da Puro Suco e outros nomes em ascensão.
O álbum vem num feat dos selos A Quadrilha e Alá, misturando o que há de melhor das sonoridades tropicais e resultado da autofagia brasileira. Exemplo é “Cabelo”, um canto que é nosso, celebrando não só Marina, como as deusas Gal, Bethânia e todos os leõezinhos. Tem baladinha em “Por Supuesto”, o reggae “Temporal”, o sambinha “Tamborim” e o funk futurista “Seu Olhar”.
No topo da página, os Visualizers filmados pelo inseparável Vito Soares, responsável também por toda a filmografia da Rosa Neon. Uma comprovação atrás da outra de que, como diriam os portais pop, Marina Sena é “o momento”.