Bebé conta segredos do próximo álbum
Promessa cumprida da música brasileira, Bebé trabalha para surpreender
A cantora Bebé está pronta para seu primeiro show na Europa e enquanto arruma as malas conversou com o Mais Brasil sobre seu próximo álbum. Depois de dois anos trabalhando o debut “Bebé” e aprimorando a cada dia sua performance nos palcos, a cantora de Piracicaba, interior de São Paulo, cantou no Coala ao lado de Bruno Berle e foi um dos assuntos mais comentados do festival.
A musicalidade impressa em seu primeiro disco, produzido por Sérgio Plim, deve ganhar mais toques tropicais, latinos e uma densidade de assuntos que promete fazer você dançar consciente. “Eu fico pensando… Caramba! Tô falando sobre isso na letra, um negócio tão delicado e a pessoa, tipo, vai ouvir e vai ficar com vontade de dançar. Uma coisa meio reflexiva e triste mas… Caramba! Esse balanço tá muito bom, sabe?”, comentou Bebé que se joga no caos criativo.
“Meu processo é assim, eu sou caótica e depois eu consigo ligar os pontos e eles fazem muito sentido. As coisas estão mais palpáveis. As pessoas vão se identificar mais e vão conseguir entender mais do que eu tô querendo dizer. Vou ser mais direta nesse segundo álbum.”
Agora é sobre uma Bebé adulta, que já deixou pra trás a roupa de “garota prodígio” e se relaciona com o mundo como uma mulherona pronta para os desafios da carreira artística. Ela comenta das dimensões desse passo em sua trajetória sem esboçar qualquer medo. Com obstinação, encara os temas mais delicados com sua sutileza, timbre envolvente e composições, grande parte delas feita com o irmão Felipe Salvego e o amigo Bruno Rocha.
“O primeiro álbum foi bem introspectivo, porque eu estava no momento muito isolada. Agora estou para o mundo. Tô criando muitos laços, hoje em dia tenho muito mais amizades do que eu tinha antes, meu público está se expandindo. Então eu senti que esse próximo álbum, ele vem mais da comunicação, mas continuando do meu jeito. Eu tô me sentindo melhor em falar sobre as coisas.”
Com influências que vão de Fela Kuti a Kali Uchis, Bebé experimenta música diariamente e basta uma passada em seu TikTok ou Instagram para vê-la tocando e viajando por diferentes moods. Misturando um pop indie com house, doses de trap industrial em uma pegada R&B, ela não só traduz os sentimentos dessa geração, como o gosto musical ousado e de definições insuficientes. Permitindo-se inclusive se apropriar de ritmos improváveis. “Aí tem um indie, aqui tem um pagode, aqui tem um rock, aqui tem um Trap. E como que eu vou fazer para amarrar tudo isso?”, brinca a cantautora que confia em Plim para fazer a “mágica”.
“Na minha cabeça já tá meio funcionando. Juntando com Sérgio a gente tá afinando todos os detalhes. A gente tem mais música dessa vez do que antes, um leque de possibilidades. Tô naquela ‘será que essa fica, será que essa vai pro futuro?'”
O lançamento está previsto para o primeiro trimestre de 2024 com produção da Coala Records e já tem dois convidados revelados: Dinho Almeida (Boogarins) e Vitor Milagres. As faixas ainda estão sendo definidas.
Mas antes, Bebé está experimentando tudo em seus shows. Quem já teve o privilégio de assistir, entendeu melhor o que estamos falando aqui na entrevista.
O maior experimento será em Lisboa, na MIL, evento que além de destacar o melhor da música contemporânea, conecta pessoas que fazem negócio com a música. Na próxima semana Bebé desembarca no velho mundo e já gera expectativa. Muitas são as mensagens que vem recebendo de pessoas que vão sair de outros países na Europa para assisti-la.
“Com certeza vou experimentar mais coisas novas para depois trazer de volta para o Brasil. Para ver como que bate na galera. A gente que faz o mesmo show sempre… No começo eu me sentia ‘tá, nunca fiz isso aqui’, agora eu tô tipo ‘Caramba! Várias vezes isso aqui…’. Então tô confortável. Se eu quiser cantar subindo na parede eu vou cantar, porque eu sei o meu lugar e eu que mando nesse palco.”
+BR: Além das sonoridades que você já contou estar imprimindo no novo trabalho, o que vem das reflexões da Bebé? O que mudou nesse tempo na sua poética, na sua forma de encarar as letras?
Bebé: O álbum vai percorrer assuntos que o mundo quer conquistar. Satisfação pessoal, o seu amor, a exposição, o status. Vou botar minha perspectiva, o que eu faço por isso, como eu faço. Qual a minha perspectiva sobre a exposição. Qual a minha perspectiva sobre as relações. O POP precisa ouvir minha perspectiva da cena, das estruturas de trabalho.
+BR: E isso tem muito a ver com QUEM você é, né?!
Bebé: É muito sobre me afirmar no lugar imortal. Sou uma menina preta, da nova geração, que estou aqui imortalizando mais uma vez na nossa história. Estão tentando me esconder, estão tentando me matar, mas eu tô aqui, tipo, imortal. Através de todo mundo que passou por esse mesmo lugar, todas as pessoas parecidas comigo. Daqui 10 anos ele vai ser um disco imortal. Meus amigos também que me inspiram muito. Os trabalhos deles também. Daqui 10 anos vai estar todo mundo dizendo de Bruno Berle, Dadá Joãozinho, Raquel Reis…
Escute Bebé e se prepare para o próximo álbum…