Ator e compositor Barroso Eus fala sobre interpretar Jards Macalé em “Meu Nome é Gal”
Próximo do aniversário de 1 ano da morte da fabulosa Gal Costa, um filme estrelado por Sophie Charlotte será lançado e para acompanhar a atriz, somente um grande elenco para fazer jus aos artistas que orbitam sua existência. É dentro desse casting poderoso que está incluído o multiartista Barroso Eus. Nas telas em que será exibido “Meu Nome é Gal”, o ator, poeta e cantor brasileiro encarna ninguém menos que o aclamado Jards Macalé que, assim como seu intérprete, sempre demonstrou múltiplos talentos, indicação feita no próprio nome artístico.
No ano passado, ele completou 10 anos de carreira e o lançamento de “Meu Nome é Gal” é a consagração do bom momento do artista. “A gente estava naquele lance de pandemia, não sabíamos se o filme rolaria mesmo, mas fizemos uma leitura na Paris Filmes e aí mandaram a gente para uma casa isolada em Cotia para não pegar Covid e ficamos lá, isolados, muito parecido com o movimento Tropicália em que eles viviam muito juntos, sabe? Foi uma verdadeira imersão. A proposta partiu da Sophie Charlotte e lá a gente trocava filmes, músicas e referências. Nunca tinha participado de um processo criativo tão único!”, conta Barroso.
Para viver Jards Macalé, o ator acabou vivendo um processo de estudo que se fortaleceu com a canção “Movimento dos Barcos”, faixa que gerou identificação no artista. Indo a um show de Macalé em São Paulo, Barroso se apresentou ao compositor. “Ele foi sair e eu disse ‘mano, prazer, eu vou fazer você no filme da Gal Costa’. Aí ele me disse ‘você sabe que sou carioca, né?’ Aí tiramos uma foto, ele perguntou se ia ter cena de beijo, revelou que teve um caso com a Maria Bethânia. Eu nem sabia disso. Foi um achado”, revela.
Jards Macalé foi responsável pela direção artística e arranjos do lendário álbum “Transa”, de Caetano Veloso, feito que sozinho já o colocaria entre os grandes da nossa música. Sobre a negritude, nem sempre abordada na obra do artista, Barroso se identifica num não-lugar em que pessoas como ele e Jards muitas vezes são colocados. “Tem essa coisa de ele ser um homem pardo, e eu também vivo neste limbo de identificação. Tenho passabilidades e privilégios sim, mas sou um homem negro não retinto e preciso assumir isso com responsabilidades. Não é bagunça e nem delírio existencial.”, reflete.
“Meu Nome é Gal” estreia hoje (12) nos cinemas de todo o Brasil